27 janeiro 2009

PCC e Camorra

No Estadão de domingo:

"O Primeiro Comando da Capital (PCC) aprendeu a se estruturar como empresa e sindicato do crime com integrantes da Camorra, um dos braços da máfia. As aulas foram ministradas pelos irmãos Bruno e Renato Torsi. Os camorristas ficaram presos quatro anos em São Paulo na década de 90. Em 1993, não só assistiram ao nascimento do PCC na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, no Vale do Paraíba, como ajudaram a organizar a maior facção criminosa paulista."

Leia mais.

25 janeiro 2009

Ronaldo, a gorducha e o (anti)marketing

Há uma semana, Ronaldo esteve comentando na cabine da Globo no Pacaembu. Apesar de ser jogo da pré-temporada, a emissora justificou a transmissão da partida entre Corinthians e Estudiantes, da Argentina, por se tratar de amistoso internacional com equipe brasileira envolvida. Mais uma vez, a Globo escondeu (mal) o eterno lobby exercido pela equipe paulista.

Fato é que já nos derradeiros minutos do primeiro tempo comenta-se a nova bola utilizada no jogo, a bola oficial do Paulistão 2009 produzida pela Topper. Segundo a fabricante, ela é inspirada na bandeira do estado de São Paulo e no brasão da Federação Paulista de Futebol (FPF). A opinião do craque é requerida e Ronaldo não foge. Não gosta do desempenho da gorducha. Acha a bola estranha, grande, os gomos diferentes e cores que, na Europa, não seriam permitidas, a não ser em jogos com neve.

Se fosse bola da Nike com as mesmas características Ronaldo teria dado a mesma resposta?

Se alguém recorda de críticas de Ronaldo a algum material da Nike, favor comentar e lavar a minha ignorância. A única que me vem à cabeça agora foi acidental e extremamente engraçada. Véspera da Copa da Alemanha em 2006. Quem não se lembra do episódio "Nike e as bolhas"? As repetidas cenas do atacante na beira do gramado com bolhas no pé esquerdo doeram mais no pé da fabricante. Um tiro dado pelo autêntico Nike boy. A culpa teve dona: a chuteira Mercurial Vapor, modelo confeccionado "sob medida" para Ronaldo.


Se as bolhas de Ronaldo formaram um verdadeiro manual prático do antimarketing, transmitido ao vivo para milhões de lares, o livro Invasão de Campo: Adidas, Puma e os Bastidores do Esporte Moderno, de Barbara Smit, relata episódios mais heróicos do marketing esportivo e do próprio nascimento dessa modalidade de negócios. A história de fundo do livro (à venda aqui) é a disputa dos irmãos Dassler que deu origem aos impérios esportivos Puma e Adidas. Entrevista com Barbara Smit? Leia aqui.


Um dos lances mais curiosos dessa história toda é a inauguração da competição das fabricantes pela conquista dos craques da Copa de 1970. É nesse momento que surge o tal Pacto Pelé - Puma e Adidas não disputariam o rei do futebol, uma espécie de acordo de não-agressão. A quantia a ser paga pelo brasileiro poderia ser exorbitante e perigosa para a sobreviência das marcas.


Mas, sabemos, Pelé calçou Puma, que burlou o pacto e conseguiu fazer com que o brasileiro se agachasse antes do apito do árbitro, por 30 segundos, para amarrar as suas chuteiras em um dos movimentos mais fantásticos dos bastidores do esporte. As lentes no México focalizaram a marca nos pés do jogador que não deveria ser disputado. A verdadeira antítese da cena das bolhas de Ronaldo, o descontente com as "cores para neve" da Topper.

Foto 1: Lancepress / Foto2: Reuters/ Foto3: viladoesporte

24 janeiro 2009

Blogs do Brasil




Rolou há uma hora, aqui na Campus Party, a cerimônia de premiação do Best Blogs Brazil 2008. Muita gente faltou, inclusive o dono do grande vencedor, o Blog do Tas. Com fotos exclusivas da Capadócia em seu último post, ele curte férias do CQC, e de tudo o mais, bem longe daqui, em Istambul. O Tas é um cara de sorte. A lista dos vencedores de melhor blog de:

Artes e cultura: Amálgama
Automóveis: Velocidade
Ciências: Brontossauros em meu jardim
Cinema, música e TV: Poltrona
Corporativo: Papo de empreendedor
Culinária: Homem na cozinha
Design: Bem Legaus
Educação: Rastro de Carbono
Entretenimento: Sedentario & Hiperativo
Esporte: Blog do Juca
Games: Continue
GLBT: Papel Pop
Humor: Kibe Loco
Jurídico: Direito e trabalho
Metablog: Twitter Brasil
Negócios e finanças: Dinheirama
Pessoal e cotidiano: Planejando meu casamento
Política: Pedro Doria
Publicidade e Comunicação: Brainstorm #9
Quadrinhos: Malvados
Religião e esoterismo: Isso é bizarro
Saúde: Contrapeso
Sexo: Boteco sujo
Tecnologia: Gizmodo Brasil
Turismo: Vida de Viajante
Universo Feminino: Melhor Amiga
Universo Masculino: Papo de homem
Design: Sedentário & Hiperativo
Podcast: Nerdcast

Melhor Blog: Blog do Tas

Por falar em blog, a Campus Blog foi, de longe, a minha área predileta nesta edição. Aliás, vale uma dica para quem cultiva interesse sobre o assunto. O livro da Raquel Recuero, o Blogs.com, está disponível na rede. É só entrar aqui. A Raquel veio na quinta-feira para apresentar as suas pesquisas sobre mídias sociais, blogs e microblogs como o twitter. Foi, sem dúvida, um grande momento da Campus Party 2009, como outros tantos no mesmo Campus Blog, apesar de não haver um público acadêmico, como a própria Raquel lembrou. E apesar da falta de mais conteúdos como esse no evento. Fica para a próxima.


Imagem: social media

23 janeiro 2009

O verde se escondeu no Campus

Existe um espaço, aqui na Campus Party, dedicado aos projetos de sustentabilidade e afins. O nome é Campus Verde. Nunca vi esta área cheia, não sei se devido ao baixo interesse ou à localização - a organização do evento a escondeu muito bem em um canto da arena aqui no Imigrantes. Audiências à parte, foi lá que vi a exposição da oficina profissionalizante do Clube de Mães do Brasil, com seus produtos "verdes" elaborados por pessoas de baixa ou nenhuma renda. Chamaram a atenção umas coloridas banquetas feitas de pet (R$ 40) e os confortáveis puffs de pneu (R$ 60). Não se preocupe, eles não sujam (sentei, é claro) e podem ser bem úteis. O Clube fica na Avenida São João, 2150. Acho que vale a pena dar uma força para esse pessoal, comprar para presentear ou, então, se você mora na região Consolação-Augusta, nada mais cool para alegrar sua sala hype.

Também acompanhado nas andanças com o camarada Manuca - agora na Abril - que deu o ar da graça nesta tarde fria aqui na Campus Party, descobrimos representantes de comunidades quilombolas, também renegadas ao isolado Campus Verde. Conversei com a rapaziada, gente de Campinas e do Rio Grande do Sul. Eles disseram que se preocupam com inclusão digital e construção de telecentros "corretos" nestas áreas. Não sei o que pensar sobre o assunto, mas vou pesquisar, a começar pela rede Mocambos.


22 janeiro 2009

Guantánamo


Será o fim do Jack Bauer way of life? J. Silva, se não for ação de fachada, pose para foto, começou a ser atendido pelo menos um dos seus pedidos para a "era Obama".
"WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou nesta quinta-feira, 22, em seu segundo dia de governo, um decreto que estabelece o fechamento da prisão de Guantánamo em um ano. O novo chefe de Estado também assinou outras duas ordens executivas que proíbem a tortura e os maus-tratos nos interrogatórios e o encarceramento de presos. Criada durante o governo George W. Bush em 2002, Guantánamo, localizada em uma base naval em Cuba, era usada para prender suspeitos de terrorismo do mundo todo sem uma acusação formal." Leia mais aqui! E a íntegra do Washington Post aqui.

21 janeiro 2009

A esquerda é cega no sobe-desce

Coisa fácil de me irritar em São Paulo é escada rolante do metrô. Não necessariamente a escada, mas os que sobem e descem sem entendimento dos mecanismos universais do espaço rolante. Alguém me ensinou, e não foi em sonho, que a esquerda deve ser reservada para quem está, digamos, com pressa, ou prefere ir mais rápido, tanto faz se sobe ou desce.

Hoje, um dia a mais dessa tortura dispensável. Estava atrasado (e não importa se está ou não em cima da hora) e precisei ficar parado, com um amontoado de pares na minha frente. Em uma das baldeações, na Sé, peguei a escada vazia (que presente!) e desci na corrida. Mas, como nada pode ser tão bom e fácil, um par de "desceuntes" ocupava a direita e a esquerda. Apenas olharam para trás, me viram estacionado, a cara de apavorado, mas nada. Para completar o infarto, saíram devagar, enquanto via o metrô ser perdido exatamente devido aquela barreira de dois humanos. Fizeram tudo totalmente calculado para me aterrorizar - a teoria da conspiração cochichou para mim.



Na reencarnação da vida na Terra, da próxima vez, poderiam fazer escadas em tons de laranja, com os dizeres "apenas para quem está suado e com cara aflita".

imagem: Gave

20 janeiro 2009

Campus Party sem poesia


Segundo dia de Campus Party Brasil e não posso dizer que estou "aproveitando". No trabalho de levar jornalistas e blogueiros, orientar, dar informações e credenciá-los, palestras como a de Tim Berners Lee, criador da web, são perdidas. Nem de Gilberto Gil, totalmente dedicado à repórter da MTV, pude entender o que dizia. Soube por terceiros que o Pasquale falou sobre nova ortografia e norma culta da língua na internet. Fazendo sua defesa, é claro. Quando lhe perguntaram sobre o português praticado no twitter, não fazia idéia do que falavam.

Ainda espero um momento para me livrar da imprensa e dos nerds e dos geeks e das suas geringonças. Acompanhar palestras que valem a pena, tentar aprender alguma coisa nesse universo paralelo, quem sabe conhecer as práticas de software livre e mídia social, seja lá o que os dois possam significar na minha vida de todos os dias.

O Campus Party é um Fórum Social Mundial de Nike Shox. Não é difícil me pegar na dúvida: o que estou fazendo aqui?

19 janeiro 2009

Obama´s Day

Amanhã é um dia histórico, como todos são, obviamente. Mas será desumano tentar esquecer que é dia com Barack Hussein Obama em todas as telas, visores e imagens possíveis. Desta vez, e oficialmente, o 44º presidente norte-americano. Até cessar-fogo em Gaza foi decretado, nada pode atrapalhar as atenções da mídia no dia de amanhã.

Não, eu não acredito que Obama seja o salvador do mundo. O mundo, por sinal, é grande demais para estar nas mãos de um só esperançoso. Na abertura das festas da posse em Washington, para sua família e milhares de pessoas, Obama disse "o que me dá esperança são vocês".

Faço três pedidos a nem sei quem, mas faço. Que Obama não se esqueça que para boa parte do planeta invadido por imagens de promessas de mudança a esperança é exatamente ele. Que a Obamania não seja apenas a salvação dos vendedores de bottons ou que a grande preocupação não seja o modelito usado por Michelle Obama.

Que à frente da mais poderosa nação do mundo, Obama seja capaz de não cometer a metade dos erros já cometidos. Essa já seria uma grande mudança. Você acredita?
Fotos da campanha de Obama aqui.

"City of blinding lights", a canção tema da campanha de Obama que diz "Blessings are not just for the ones who kneel luckily":

foto: nyt

09 janeiro 2009

Lula não é o bastante

A maior parte dos comentários sobre a primeira piauí de 2009 discute a exclusiva do presidente Lula. Todos os que leram, e os que não leram, já sabem que o presidente prefere assessores para se informar e que a imprensa lhe causa azia. Era de se esperar. Na repercussão o Noblat já revelou, a partir da íntegra das declarações, que Lula considera os jornais obsoletos (!).

Mas, cuidado. O auê em torno do presidente (que sempre será certeza de boa venda) não pode esconder as matérias que valem a pena nesta edição. Além de Roberto Kaz narrar as peripécias do popular Meia Hora do Rio e da eterna discussão lembrada por Consuelo Dieguez sobre a exploração e contratos do pré-sal brasileiro, a piauí 28 tem dois saborosos textos.

Um é do próprio João Moreira, que vasculhou a história recente da Islândia, a ilha gelada que até ontem me lembrava apenas Björk, gordura de peixe e uma terra condenada pela crise financeira sem maiores explicações. Em "A grande ilusão" observa-se a trajetória de expansão e bancarrota deste país que nunca abolirá o trema. É interessante.

O outro texto, o melhor desta piauí, é a história do caricaturista David Levine, o demolidor de biografias. A narrativa de "Levine no escuro", de David Margolick, sobre a acidez dos desenhos que praticamente contam o século XX, esbarra na batalha do mesmo Levine contra a cegueira e consequente fim de poderoso trabalho. A história me emocionou profundamente. Para quem quiser, alguns retratos de Levine podem ser vistos aqui.

Se Lula lesse (eu disse "lesse", não "ouvisse") pelo menos uma dessas últimas matérias, e mesmo assim sentisse cócegas no fígado, não haveria mais esperança.

Levine já retratou o presidente em dezembro de 2002. Lula viu?


imagem: the new york review of books

07 janeiro 2009

Esporte bom para cachorro

Os maiores feitos esportivos do Brasil se devem, em grande parte, à invenção da Inglaterra, o berço do futebol. Pouco se fala, mas outra criação da “terra da rainha” figura entre as mais recentes conquistas do País. A modalidade não usa bola, nem pés. Há saltos em altura, condutores, obstáculos e equilíbrio. São passarelas, rampas, gangorras, túneis, pneus. Não é hipismo, apesar de essa ser a sua inspiração. As medalhas que vieram da Finlândia em novembro foram conquistadas por duplas de cães e condutores do agility.

Em Helsinque, na disputa por equipes, os cachorros brasileiros deixaram os donos orgulhosos. O País esteve no topo do pódio das categorias mini e standard, o melhor resultado do Brasil na história do Campeonato Mundial de Agility. O técnico da seleção, José Luiz Filho, um sujeito confiante no trabalho, não esconde que considerou o resultado inacreditável. “Começamos a treinar semanalmente cinco meses antes da viagem”, diz. “O que nos falta é mais campeonatos, patrocínio e parcerias”.

O agility consiste em um circuito com obstáculos. Orientado por seu condutor, apenas com gestos e comandos verbais, vence o cão que completar a volta mais rápida e com menor número de faltas. O esporte surgiu como brincadeira há 30 anos. Na exposição da Crufts Dog Show, os ingleses se distraíam com os cachorros nos intervalos das apresentações. Há dez anos no Brasil, o agility deve agradecimentos a Dan Wroblewski, coordenador da Comissão Brasileira de Agility (CBA).

Veterinário que nunca quis atuar na área clínica, Wroblewski trabalhava há quatro anos em uma fábrica de alimentos para cachorros quando foi escalado, em 1993, para pesquisar e introduzir o agility no País. Com os louros da vitória 15 anos depois, ele espera que as conquistas ajudem a popularizar o esporte. “Quanto mais pessoas praticam, mais integração com os cães. Nas grandes cidades, já se percebe que isso melhora a qualidade de vida”, diz.

No Brasil, o esporte ganha espaço como atividade de lazer em prédios e canis. Até o técnico José Luiz Filho, que também é veterinário, já foi consultado para a construção de playgrounds para cães em condomínios. Hoje, a CBA tem cerca de 500 associados. “Mas há mais gente fora dos números”, diz José Luiz. “Acredito que existem 2 mil praticantes no Brasil”. O sucesso tupiniquim no esporte canino é o grande responsável por trazer para o Brasil o Campeonato Américas e Caribe, em abril.

TV para cachorro

Para Wroblewski, o agility não se restringe aos competidores. “Quantas pessoas praticam futebol ou natação como esporte? A maioria busca o lazer, o bem-estar”, argumenta. “Se tivéssemos mais áreas para a prática, com melhor identificação dos cães, o número de cachorros errantes, doentes e atropelados seria menor”. O veterinário insiste que a “filosofia” do esporte é sociabilizar cães e pessoas. Para ele, é como se a atividade proporcionasse uma comunicação entre o cão e o dono, superando o simples passeio matinal pelo quarteirão e as brincadeiras sem interação.

Em Helsinque, Wroblewski também se surpreendeu. “Ganhar lá é ganhar na terra do cachorro”. Na Finlândia, o agility é o segundo esporte em número de federados. São cinco mil praticantes em um país de 5 milhões de pessoas. No mundial com ginásio lotado a televisão finlandesa transmitiu ao vivo os saltos dos pastores de Sheltant e border collies brasileiros.

Dupla

A fonoaudióloga Vivian Razel, de 39 anos, é uma condutora que conheceu o agility antes de achar um cão adequado para os saltos, desvios e corridas. “O agility me proporcionou uma relação sadia com o cão”, diz. Na sua lista de exageros aparecem treinos sob chuva e troca de carro para melhor transportar os cachorros. O primeiro parceiro escolhido foi um border collie chamado Elvis. “Foi amor à primeira vista”, admite. “A nossa história começou quando o Elvis nasceu. Um mês depois o reencontrei e pensei: ‘eu quero para mim’”.

Mas ela teve um duro caminho. “A minha carreira e do Elvis foi sofrida. Ele logo ficou pronto fisicamente e no aspecto tático. Eu não conseguia acompanhá-lo corretamente, dava comandos errados”. Após muitos treinos e competições, conseguiu atingir o nível do companheiro. “Hoje fiz um treino lindo, maravilhoso. Estou satisfeita com a minha condução”. A dupla Vivian e Elvis se diverte há cinco anos.

Texto escrito para aula do Curso Estado de Jornalismo

06 janeiro 2009

Ivonete Maria Rio

Sobre os boatos da possibilidade de Woody Allen (sim, ele mesmo!) desembarcar em 2010 no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, para executar projeto cinematográfico em parceria com a prefeitura de Eduardo Paes, à exemplo do que ocorreu com Vicky Cristina Barcelona na Espanha, já jorram baldes de água gelada. Um deles veio de Julio Daio Borges, para quem “O Rio de Janeiro não vai morrer se não tiver sua obra-prima nova-iorquina em película”. Olha, isso é verdade, a cidade do Rio não morre por tão pouco. “Vicky Cristina parece naturalíssimo, mas só foi possível porque a Espanha, de alguma forma, 'investiu' em cinema nas últimas décadas; o Brasil, nem tanto”, alega Borges.

O que mais me diverte em Allen (há muito material para se divertir em seus filmes) são as exageradas caricaturas que realiza. De Annie Hall a Vicky, elas são de rir em segredo, de tão banais e propositais (assim me parece). A ponte Nova York-Rio pode até não vingar, mas não sou cinéfilo propriamente dito e posso ter o disparate de imaginar o romance de um Capitão Nascimento com a quitandeira do morro (Allen e seus casais mirabolantes), sentados na laje - churrasquinho, Totó, parabólica - sendo agraciado com a foto-montagem especialíssima que adicionaria ao Dendê o Corcovado, quiçá uma arara. Um chuchu de cartão-postal tropical, não? Já pensou nos planos-sequência de Allen com sambas de João Nogueira na trilha?

Já surgia até mesmo um happy end no táxi mais brega do mundo, aquele Santana amarelo enfaixado por um barbante azul que só o Rio tem. Mas o Julio Borges estragou todo um sonho.

Woody Allen e Scarlett Johansson
felizes da vida com o mormaço do Posto 6 de Copacabana.

foto: new york magazine