18 fevereiro 2010

Ponte aérea

O Nick Ellis (@Nickellis) escreveu um texto interessante sobre a superação desse conflito bobo e ingênuo de alguns paulistanos e cariocas. Acho engraçado esse tema surgir (sim, tem mais gente falado sobre isso por aí) logo depois do carnaval. Sintomático, não?

Não conheço Nick, que já se definiu como o carioca mais paulistano do mundo. Concordo com seu ponto de vista, sobretudo porque não há nada mais imbecil nessas discussões do que esquecer algo óbvio: o Brasil (e o suor do trabalho dos brasileiros) está muito além dos limites das duas capitais.

Fico imaginando se outras partes do mundo também perdem tempo com antológicas picuinhas. E sempre surge o exemplo das megalópoles, como no Japão, que usaram o tamanho e o poder de várias cidades para construir algo ainda maior. Nessas horas, o trem-bala pode até parecer um elemento unificador e apaziguador desse embate tolo que rola por aqui.




Tem gente que sempre vai apontar as razões históricas do conflito e outros que vão achar nele um elemento importante do folclore nacional – a ironia que não mata, como aquela do português burro que sempre pisa na bola da inteligência. Na véspera do carnaval deste ano, por exemplo, era notório o número de paulistanos que anunciavam a sua viagem para o Rio e, do outro lado, cariocas que se perguntavam: “o Rio vai ficar cheio de paulistas. Para onde correr?”.

Às vezes dou risada do chiste e a nossa literatura está recheada de menções bem-humoradas (outras nostálgicas) à rivalidade São Paulo-Rio de Janeiro. O Nick Ellis encontrou uma mal-humorada aqui, mas temos bons exemplos por todos os lados. O Marcelo Rubens Paiva foi quem escreveu o melhor texto sobre o assunto, mas jamais vou encontrá-lo de novo.

Bem, é evidente que são duas cidades maravilhosas. Para mim, o Rio está guardado para sempre nas memórias infantis, em passagens familiares e surreais por lugares que enchem os olhos de qualquer mortal. Já São Paulo, esta terra que divido com tantos amigos na mesma toada, é a cidade que escolhi para trabalhar e crescer (não necessariamente nessa ordem) e, nisso, ela é uma mama de seios fartos. O que não significa dizer que no Rio e em qualquer outro lugar não há espaço para isso.


A pergunta é: mas o que é, afinal, ser paulistano ou carioca? Certeza mesmo, só o que vemos: duas cidades grandiosas que abrigam (acredite!) uma gente louca da vida para superar problemas e tristezas coletivas. Acho que ser carioca ou ser paulistano é algo mais do que relativo, tão certo quanto o recorde de calor ou a enchente do ano.

Como lembrou Nick, Rio e São Paulo são duas belíssimas cidades brasileiras, porque são feitas de (e por) brasileiros – todos da gema e da garoa.

16 fevereiro 2010

É preciso cantar e alegrar a cidade

A quarta-feira de cinzas chegou. A data é o primeiro dia do período de 40 dias que antecede a Páscoa, na visão cristã. Teologia à parte, celebra-se o fim do carnaval e tudo aquilo que ele pode representar em tão pouco tempo.

Há algum tempo, quarta-feira de cinzas tem sido para mim a deixa para uma das músicas mais lindas desse mundo. Vininha, nosso poetinha, sabia das coisas.

Ele não falava de quaresma. Guardava a esperança de ter o melhor do carnaval em todo o ano, por toda a gente. Acreditava que "a tristeza que a gente tem, qualquer dia vai se acabar".

Você pode achar que é papo de bêbado. Prefiro saber que Vinícius entendia das coisas. Ele via longe. Tanto faz se você pulou ou dormiu nos últimos quatro dias. Ninguém pode dizer que não ouviu o poeta nos alertar da existência de "tão grandes promessas de luz, tanto amor para amar de que a gente nem sabe".

11 fevereiro 2010

Mascarados, façam festa e amor

Amanhã é sexta-feira. E para quem acredita no carnaval, ele já começa. Não existe música mais linda nesse mundinho bobo para começar os dias de Momo do que esta na voz do pierrot Chico e da colombina Elis. Feliz noite dos mascarados para quem (puder) atender ao chamado!