25 janeiro 2009

Ronaldo, a gorducha e o (anti)marketing

Há uma semana, Ronaldo esteve comentando na cabine da Globo no Pacaembu. Apesar de ser jogo da pré-temporada, a emissora justificou a transmissão da partida entre Corinthians e Estudiantes, da Argentina, por se tratar de amistoso internacional com equipe brasileira envolvida. Mais uma vez, a Globo escondeu (mal) o eterno lobby exercido pela equipe paulista.

Fato é que já nos derradeiros minutos do primeiro tempo comenta-se a nova bola utilizada no jogo, a bola oficial do Paulistão 2009 produzida pela Topper. Segundo a fabricante, ela é inspirada na bandeira do estado de São Paulo e no brasão da Federação Paulista de Futebol (FPF). A opinião do craque é requerida e Ronaldo não foge. Não gosta do desempenho da gorducha. Acha a bola estranha, grande, os gomos diferentes e cores que, na Europa, não seriam permitidas, a não ser em jogos com neve.

Se fosse bola da Nike com as mesmas características Ronaldo teria dado a mesma resposta?

Se alguém recorda de críticas de Ronaldo a algum material da Nike, favor comentar e lavar a minha ignorância. A única que me vem à cabeça agora foi acidental e extremamente engraçada. Véspera da Copa da Alemanha em 2006. Quem não se lembra do episódio "Nike e as bolhas"? As repetidas cenas do atacante na beira do gramado com bolhas no pé esquerdo doeram mais no pé da fabricante. Um tiro dado pelo autêntico Nike boy. A culpa teve dona: a chuteira Mercurial Vapor, modelo confeccionado "sob medida" para Ronaldo.


Se as bolhas de Ronaldo formaram um verdadeiro manual prático do antimarketing, transmitido ao vivo para milhões de lares, o livro Invasão de Campo: Adidas, Puma e os Bastidores do Esporte Moderno, de Barbara Smit, relata episódios mais heróicos do marketing esportivo e do próprio nascimento dessa modalidade de negócios. A história de fundo do livro (à venda aqui) é a disputa dos irmãos Dassler que deu origem aos impérios esportivos Puma e Adidas. Entrevista com Barbara Smit? Leia aqui.


Um dos lances mais curiosos dessa história toda é a inauguração da competição das fabricantes pela conquista dos craques da Copa de 1970. É nesse momento que surge o tal Pacto Pelé - Puma e Adidas não disputariam o rei do futebol, uma espécie de acordo de não-agressão. A quantia a ser paga pelo brasileiro poderia ser exorbitante e perigosa para a sobreviência das marcas.


Mas, sabemos, Pelé calçou Puma, que burlou o pacto e conseguiu fazer com que o brasileiro se agachasse antes do apito do árbitro, por 30 segundos, para amarrar as suas chuteiras em um dos movimentos mais fantásticos dos bastidores do esporte. As lentes no México focalizaram a marca nos pés do jogador que não deveria ser disputado. A verdadeira antítese da cena das bolhas de Ronaldo, o descontente com as "cores para neve" da Topper.

Foto 1: Lancepress / Foto2: Reuters/ Foto3: viladoesporte

Um comentário:

Verônica Lima disse...

Bola dentro! Super adorei! Bjs