27 junho 2007

A GREVE - ÚLTIMO ATO: O TIRO NO PÉ E OS DESMASCARADOS

suspensão da greve de estudantes (312 favoráveis; 174 contrários e 34 abstenções)
suspensão da greve de funcionários (por contraste)
suspensão da greve de professores (por unanimidade)


Hoje, saímos da greve. Mas, é claro, com as particularidades que só a cidade dos buracos proporciona. As três categorias (servidores, professores e estudantes) votaram pela suspensão da greve, em voto por segmento, durante a Assembléia Unificada de hoje à tarde (26/06), no Guilhermão. Houve outras deliberações:

-Criação de um Fórum de todos os campi da Unesp, a ser sediado em Bauru (data ainda será definida);
-Convocação de uma audiência pública com os três diretores das faculdades do campus de Bauru;
-Convocação de uma audiência pública com o reitor Marcos Macari em Bauru, para que ele discuta a nossa pauta de reivindicações;
-Realização de um flash-mob nas principais ruas de Bauru na terça-feira, dia 03 de julho;
-A reposição de aulas foi aceita por funcionários e professores;
-A data para volta às atividades normais: segunda-feira, dia 02 de julho.

Sim, é isso mesmo. A greve acabou hoje, dia 26, e as aulas, para assobios frenéticos da FEB (Faculdade de Engenharia de Bauru), só voltarão dia 2 de julho. Algo errado, né, cara pálida? Seguinte: a FEB quer fim de greve e um tempinho para festinha! Não entenderam? Hoje a greve acabou, eu votei pela continuidade da greve, mas ela acabou, pronto! Certo? Não.

Entre a FAAC (Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação), teve muita gente que votou contra a greve, outros a favor, além de algumas abstenções. A FEB, é claro, votou contra a greve, na sua maioria. Daí teve votação pela volta às aulas. A FAAC, inclusive quem era pró-greve, entendeu que a greve havia acabado e votou pela volta às aulas na quinta (28/06), e não quarta (27/06), para dar chance para quem não está em Bauru voltar sem transtornos. E a FEB? Adivinha? Tchan-tchan-tchan-tchan-tchan! Sim, votou maciçamente pela volta na segunda-feira (2/7). Ou seja, a FEB passou o mês inteirinho atacando a greve, utilizando os argumentos mais "coesos", aqueles bem bestiais mesmo, os do tipo "ah, faac é vagabundo, baderneiro, faz greve porque não quer ter aula". Pois bem, a greve acabou e, devido ao voto em peso da FEB, as aulas voltam na segunda-feira, e não na quinta. Duas perguntas engasgadas: era para greve acabar ou não? Ou, então: quem é vagabundo que não quer ter aula? A escolha por segunda-feira tem uma só explicação: molecagem. Por favor, o que se passa, ou o que não se passa, na cabeça da engenharia de Bauru? Sim, a engenharia do pensamento umbilical!

A greve acabou. É fato. Mas, a opção pela volta às aulas só na segunda-feira é triste, medonha e nojenta. Olha que "engraçado"! Muita gente argumentava, ainda ontem, na Assembléia Estudantil, que seria razoável que os estudantes acompanhassem a saída dos professores, porque a greve docente está decaindo no estado, porque haverá novas lutas esse ano, porque "o bicho ainda vai pegar mais embaixo e vai ter professor sentando na graxa com o Serrinha, o Canalha" e porque uma greve estudantil seria impraticável neste momento, pois as aulas seriam dadas e a greve estudantil existiria apenas por "status" de greve. E, o que aconteceu? Em assembléia saímos juntos, todas as categorias, da greve. Tudo certo, tudo bem-bem. Saímos da greve, mas aula só na segunda, rapaz! Ou seja, não temos o tal "status" de greve, mas nos comportamos como se estivéssemos em greve: sem aulas. Obrigado pela incoerência das amebas que residem nas cabecinhas da FEB! Se quiserem explicar à sociedade, fiquem à vontade, convoquem a bateria, quiçá.

Ninguém questiona a saída da greve. O que se questiona é: A FEB, na sua maioria, queria mesmo o fim da greve? A FEB queria mesmo aula? Porque terminar com a greve, nesta altura, e determinar que as aulas voltarão daqui há uma semana apenas? Enquanto vota-se pelo fim da greve, a FEB vota por segunda-feira. Ou seja, obriga as três categorias a paralisia por uma semana, consumindo o dinheiro público, enquanto garante uns dias de "férias". Devem ir para uma micareta da vida, discutir os decretos d'o Canalha entre um gole e outro de óleo de peroba. Ou vão dormir o "sono dos justos" e pensar: "nóis é foda, papai nem imagina!".

Saí tranquilo quanto a greve, e até acho estratégico reunir forças para os próximos confrontos entre Serra e Ensino Público. Achei que a convocação das audiências são perfeitas. Mas, quanto ao voto pela volta às atividades na segunda-feira, fincada pela FEB, só tenho uma certeza: Se essa greve começou com a máxima GREVE NÃO É FÉRIAS, os "sócios do clubinho febiano" trataram de garantir FÉRIAS SEM GREVE. Isso mostra o quanto eles estão preocupados com a Universidade Pública e, imagino, devem ter agradado aos papais e mamães que vão fazer "óóó" quando a bomba da privatização estourar. A bunda na graxa, já dizia o Dino, logo sentirão os professores (inclusive os fura-greves, os "educadores" dos pimpolhos da FEB!).
Aos coerentes, parabéns, parabéns e, para não deixar de dizer, parabéns! Aos escrotos, descansem! Sem paz!,



PS.: Haverá ato contra a ação policial em Araraquara. Mais informações em GREVE NÃO É FÉRIAS. Como disse o ilustre Dino, outra vez, "na história da Universidade no Ocidente, não teve rei, tirano e papa que pisou na Academia. Não há problemas em policial na Universidade. Eles podem entrar. É só fazer e passar no vestibular. Serão bem-vindos!".

20 junho 2007

Em cartaz: A GREVE

Professores, funcionários e alunos continuam paralisados.
490 à favor; 368 contra; 6 abstenções.


Romantismos a parte, ontem o Guilhermão viveu uma tarde histórica. Para alguns o resultado foi, indo além dos números e da deliberação final, o acirramento dessa tensão entre a FEB (Faculdade de Engenharia de Bauru) e a FAAC (Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação). Será? Não penso assim. No calor do momento, comemorei a vitória pela manutenção da greve abraçado a colegas "engenheiros". Isso, após ter testemunhado voto contrário de conhecidos da FAAC. E, qual é o problema?

A Unesp Bauru tem ainda a FC (Faculdade de Ciências), vale lembrar. Mas o que não se deve esquecer é que a tarde de ontem propiciou um debate para além do voto bipolar FAAC e FEB. Houve aqueles que "choraram" com a decisão. Vi professor dizer que ia furar a greve mesmo assim, desrespeitando a plenária que participou por mais de 3 horas. Também vi aluno gritar "vocês são massa de manobra" para o aglomerado da FAAC. Uma opinião: para mim, massa de manobra é o que alguns professores da FEB pensam dos seus alunos, afinal estes convocaram os seus via e-mail para a assembléia, apenas invocando um voto pré-definido. E deu no que deu. Estes professores cheios de "siricutico" são exatamente os mesmos boateiros do "greve acabou" que desrespeitam os organismos representativos. E, se aprenderam algo ontem, foi o seguinte: se Universidade Pública é muito mais do que um canudo bonitinho, assembléia grevista é muito mais que votação.

Diversos alunos da FEB, no entanto, permaneceram no local. Dialogaram, questionaram os decretos, se informaram sobre as ações do comando de greve. Se os e-mails dos docentes da FEB acabaram por trazer estudantes e, alguns desses, ouviram os avanços e desafios do movimento, meu muito obrigado aos professores "fura greve". Vocês fizeram um enorme favor ao debate e a saúde do movimento. Aos alunos da FEB, independente do voto, meus parabéns. Conduzidos ou não por professores "fura greve", vocês preencheram o lugar que cabe a todo aluno da UNESP na Assembléia Unificada. Fizeram o mínimo esperado do discente, que é comparecer às discussões. Coisa que a maioria dos docentes da UNESP Bauru, infelizmente, ainda não aprendeu a fazer.

Saí do Guilhermão com uma sensação totalmente diversa da que cheguei às 14 horas. Saí muito menos com o "gosto da vitória" do que com a certeza de que o interesse pelo movimento grevista cresce entre as três categorias. Por outro lado, comemorar em demasia pela votação, diante dos desafios que ainda nos assombram, não cabe neste momento. Comemorações diante de um cenário de incertezas pode ser sintoma de falta de bom senso. O maior feito que me faz, sinceramente, comemorar a tarde de ontem, foi encontrar 900 pessoas reunidas, ocupando os seus espaços, ouvindo algo além do noticiário global e exercendo o que se espera de uma comunidade acadêmica. Num anfiteatro sem as velhas bandeiras de partidos, ficou difícil não ouvir e enxergar as demandas mais necessárias para a Universidade Pública, tão maltratada pelos tucanos mais recentes.

Quando saí do local, algumas pessoas, das três faculdades, ainda debatiam, se informavam e dialogavam idéias, como deve ser. Ninguém ganhou ou perdeu hoje. E, se houve vitória, ela foi do ensino público, da democracia e da UNESP de Bauru. Como disse o Giovanni, "o canal com a reitoria está aberto, não vamos deixar isso nos escapar". Pois é, Gigio, o canal continuará aberto. Ainda bem.


Lembrete

Ontem, alguns alunos ocuparam a diretoria da UNESP de Ourinhos. Agora são 5 diretorias unespianas ocupadas no interior. Na USP de São Carlos também houve ocupação. Além disso, outras ocupações persistem em federais por todo o país e a PM invadiu a UNESP de Araraquara nesta madrugada. Lamentável.

Atitudes autoritárias, na esteira do autoritarismo dos decretos de José Serra, só devem desencadear o pior. Isso é fato. E ninguém deixou de avisar, pelo menos até agora.

--->>> mais informações em: GREVE NÃO É FÉRIAS.

08 junho 2007

Em cartaz: A GREVE - estrelando, o deputado piadista!!

Alguém hoje leu o texto de opinião "Até quando?", do deputado estadual João Mellão Neto? Saiu em O Estado de S. Paulo e, torço ferozmente meus amigos, pois só pode ser uma piada.

Respondi ao jornal, enviando um e-mail. Também enviei para o dito cujo. Engraçado, acho que não irão publicá-lo. Por que será? Minha resposta ao sr. Mellão, o piadista:

Caro Mellão, você deve ser um sujeito muito feliz, afinal pôde escolher entre a USP e a FGV. Por que o sr. não visita as públicas "veredas" universitárias de São Paulo? Certamente concluirá mais do que a briga pela autonomia. Os decretos são o auge do desmantelamento do Ensino Superior Público laico, de qualidade e com responsabilidade social. Quesitos que só mereceram o desserviço do sr., no textículo que exaltou a repressão aquática do seu mártir, Jânio Quadros, e corroborou para o senso comum ridículo que a grande imprensa patrocina. Continue aí construindo suas falácias na sua bancada tão distante dos estudantes de USP, UNESP e UNICAMP, alheio às manifestações que tanto devem lhe incomodar. Disse que os ocupantes da USP "sequer são cidadãos". Parabéns pela capacidade inventiva, sr. Cidadão!

06 junho 2007

Em cartaz: A GREVE - outros atos obscuros, sem reflexão e cheios de cagadas em algumas TVs e jornais gorduchos

O jornal O Estado de S. Paulo e Folha de São Paulo reportaram outras ocupações hoje. A edição online da Folha disse em reportagem: "Na UFPR (Universidade Federal do Paraná) e na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), as invasões fazem parte do dia de mobilização nacional que a UNE (União Nacional dos Estudantes) prepara para hoje no país. Já os alunos que invadiram a reitoria da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) negam articulação com a entidade estudantil."
Sinceramemte, duvido da ligação das duas ocupações - UFPE e UFPR - com a UNE. A não ser que a direção do movimento estudantil nestas universidades tenha rabo presinho presinho com a UJS (União da Juventude Socialista), órgão do PC do B (Partido Comunista do Brasil), outro que tem rabo presinho presinho com o governo Lula, o governo que não fez nada pelo Ensino Superior, a não ser encaminhar a Reforma Universitária sem discussões e dar outro nome para o ineficaz Provão, que foi rebatizado de ENAD (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes).
Para quem não sabe, há tempos a UNE não representa os estudantes efetivamente. Com eleições fraudulentas ela se comporta, desde o início da Era Lula, como braço do governo. As manifestações e o cerne do movimento estudantil em ação atualmente não tem relação alguma com a UNE.
Palhaçada será se o âmbito do movimento unificado pela Universidade pública estender-se em âmbito federal e tivermos à mesa das negociações Lula e seus amiguinhos da UJS.

Bauru

Gostaria de parabenizar os representantes do Movimento Unificado da UNESP de Bauru pelo encontro com o reitor Macari, quando expuseram as reivindicações locais. Apoio à Ocupação da USP é preciso, como é urgente debater em todo lugar o ultraje que significam a Secretaria de Ensino Superior e os famigerados decretos. Mas, imensamente fundamental é tratar das questões que ferem a realidade que mais conhecemos, a realidade da UNESP Bauru. Não se trata de oportunismo, por mais que seja o momento mais oportuno. Trata-se de coerência com as lutas históricas desta unidade unespiana.
Continuo acompanhando à distância o Movimento. Sei que muitos estão sacrificando seus compromissos por ele. As palavras do post anterior foram um desabafo. Sei que os verdadeiros articuladores, muitos amigos e colegas meus, deste momento histórico não se enquadram no rol dos que critiquei. Para estes, toda a força possível e os meus sinceros parabéns pela coragem e racionalidade.


Esse é "o" tema

Nestes dias em que mil coisas estão movendo a Greve e as ocupações, torna-se muito difícil escrever no blog. Mais difícil ainda é escrever sobre outro assunto. Não sou a pessoa mais aconselhável a informar a alguém em que pé estão as mobilizações na UNESP Bauru. Para isso, entre em Greve Não é Férias. Se quiser saber rapidinho o porquê disso tudo entre aqui e, para se informar sobre a Ocupação da USP e em outras universidades, clique aqui. Garanto uma coisa: é melhor do que ir dormir com a "verdade" cheia de maquiagem que passam na Globo ou escrevem em Veja.