16 maio 2007

Entrelinhas perversas da estadia assisense

Em visita à Assis, Goiaba e eu queimamos boas horas passando os olhos pelas edições das décadas de 1910 e 1920 de O Estado de S. Paulo. Impressionante a quantidade de artigos sobre saneamento básico que Monteiro Lobato, aquele do Jeca Tatu, escreveu. Também chamaram a atenção as propagandas de livros sobre boa etiqueta que "toda mulher casada deve conhecer". O Goiaba muito se empolgou com as séries de textos acerca da morte do papa em 1922, uma odisséia de uns vinte artigos criativos à beça, intitulados diariamente de "A morte do papa Benedito XV". Nos anos 10, Goiaba ainda encontrou raridades como um texto sobre "Reforma Universitária" ("a história se repete", já lembravava a sua professorinha de História, rapaz!) e outra pérola, assinanda por algum doutorzinho que dissertava acerca do "Álcool como combustível". Constatação: Lula, na história deste país já se falou disso antes de você nadar no saquinho do seu pai!
Quanto a mim, posso dizer que Rui Barbosa foi realmente um às do florear literário e que a cobertura da sua morte pelo jornal, nos anos vinte, foi muito maior que a de Ayrton Senna pela mídia eletrônica. Exagero meu, é óbvio. Mas, o que mais nos divertiu foram as impagáveis publicidades daquele tempo. Merecem destaque uma pasta gelatinosa que dava aos seios "formosura e formas arredondadas", o Sexuol, um medicamento com vivas à "cura da debilidade sexual dos homens" - praticamente o avô do Viagra - e um outro complexo vitamínico que era indicado para aqueles que "perderam a robustez" e garantia ser indicado, inclusive, pelo Vaticano. Uma pena que o próprio Benedito XV tenha esquecido de tomá-lo.

06 maio 2007

Deu na TV



Hoje é um dia feliz e tenho que enfatizá-lo. Dia do primeiro bicampeonato, a primeira série vitoriosa do Peixe. Pelo menos para mim, que cresci sofrendo nos anos 90 com aqueles elencos brincalhões, com o Márcio Resende sacana em 95 e com as piadas que sempre acabavam num "caiu na rede, é peixe".

Hoje o Peixe é bi paulista. A primeira vez para muitos da minha geração, calejada com as séries de derrotas, aquele eterno "nadar, nadar e morrer na praia", e ainda mal acostumada com essa aura profissional na Vila. De qualquer forma, o último bi foi o de 67/68, que meu pai viu e me contou até cansar. Hoje eu vi, sofri, chorei e gritei pelos dois golzinhos salvadores. Enquanto me surpreendo com um carro na rua, aqui em Bauru, soltando em alto som o "agora quem dá a bola é o Santos", imagino a festa na Praça Independência (quiçá, sem pancadaria desta vez!), no Chopp Santista e nas varandas dos prédios tortos da orla. Também na descida da serra e na chegada do time na cidade. Fico imaginando, imaginando...

Amanhã vai dar no jornal: "Moraes, o herói santista", ou "Deu Luxa, de novo". Isso também é fácil imaginar.