07 abril 2009

Terremoto

179 mortos, 1.500 feridos e cerca de 17 mil desabrigados é o saldo atual do terremoto de L'Aquila, no centro da Itália. Mais forte do que os números são as imagens de destruição e a notícia do descaso com os comunicados dos sismólogos italianos. A prefeitura da cidade a 95 km de Roma considerou que o alerta era "brincadeira".
Terremoto não é um fenômeno que conhecemos. Os casos recentes daqui foram o abalo no norte mineiro em 2007 (uma criança morreu), dois tremores em Sobral (CE) no ano passado, e o inesperado terremoto de 5,2 graus na escala Richter em São Paulo, que completa um ano na próxima terça-feira. Não tivemos desastres e continuamos sem familiaridade com a situação. Até virou piada. Internautas diziam "eu sobrevivi" ou "o primeiro terremoto em São Paulo a gente nunca esquece". Nem de longe os abalos no Brasil estariam na lista dos piores da década.
Enquanto aconteciam as Olimpíadas de Pequim no ano passado, a contagem dos mortos no terremoto que atingiu a província de Sichuan, no sudoeste chinês, não tinha fim. Os números eram e são assustadores. Há 5 meses, o governo só havia identificado um quarto dos mortos, num desastre com pelo menos 90 mil mortes.
Sem viajar, impressiona como "descobrimos" o mundo através de catástrofes. Após a tragédia chinesa, aposto que é difícil esquecer nomes de cidades como Beichuan. A recente tragédia na Itália apresenta ao mundo como somos frágeis nesse tabuleiro. Apresenta uma L´Aquila destruída e triste. A cidade intacta está conservada em "O nome da rosa", no filme homônimo do livro de Umberto Eco.

Foto: Alessandro Bianchi/Reuters

4 comentários:

Giovanna Borgh disse...

pois é...triste..mas parece que não há o que fazer. estranahmente a cidade italiana já tinha um histórico de terremotos e mesmo assim as autoridades não levaram a sério os primeiros abalos.

triste ver a arte se desmanchando em segundos, a história virando entulho e ainda levando vidas.

Luiz Augusto Rocha disse...

Mais triste do que ver a história virando entulho é ver gente (ou pedaços) em meio ao entulho.

Fernanda disse...

Como você mesmo disse, o mais triste disso tudo foi a falta de importância dada àquilo visto como "improvável de acontecer". Agora, onde está o desimportante?

Parabéns pela excelência dos textos, Bruno. Como sempre, você não deixa nada a desejar; enriquece tudo o que coloca no papel. =)

Bjos!

Fernanda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.