490 à favor; 368 contra; 6 abstenções.
Romantismos a parte, ontem o Guilhermão viveu uma tarde histórica. Para alguns o resultado foi, indo além dos números e da deliberação final, o acirramento dessa tensão entre a FEB (Faculdade de Engenharia de Bauru) e a FAAC (Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação). Será? Não penso assim. No calor do momento, comemorei a vitória pela manutenção da greve abraçado a colegas "engenheiros". Isso, após ter testemunhado voto contrário de conhecidos da FAAC. E, qual é o problema?
A Unesp Bauru tem ainda a FC (Faculdade de Ciências), vale lembrar. Mas o que não se deve esquecer é que a tarde de ontem propiciou um debate para além do voto bipolar FAAC e FEB. Houve aqueles que "choraram" com a decisão. Vi professor dizer que ia furar a greve mesmo assim, desrespeitando a plenária que participou por mais de 3 horas. Também vi aluno gritar "vocês são massa de manobra" para o aglomerado da FAAC. Uma opinião: para mim, massa de manobra é o que alguns professores da FEB pensam dos seus alunos, afinal estes convocaram os seus via e-mail para a assembléia, apenas invocando um voto pré-definido. E deu no que deu. Estes professores cheios de "siricutico" são exatamente os mesmos boateiros do "greve acabou" que desrespeitam os organismos representativos. E, se aprenderam algo ontem, foi o seguinte: se Universidade Pública é muito mais do que um canudo bonitinho, assembléia grevista é muito mais que votação.
Diversos alunos da FEB, no entanto, permaneceram no local. Dialogaram, questionaram os decretos, se informaram sobre as ações do comando de greve. Se os e-mails dos docentes da FEB acabaram por trazer estudantes e, alguns desses, ouviram os avanços e desafios do movimento, meu muito obrigado aos professores "fura greve". Vocês fizeram um enorme favor ao debate e a saúde do movimento. Aos alunos da FEB, independente do voto, meus parabéns. Conduzidos ou não por professores "fura greve", vocês preencheram o lugar que cabe a todo aluno da UNESP na Assembléia Unificada. Fizeram o mínimo esperado do discente, que é comparecer às discussões. Coisa que a maioria dos docentes da UNESP Bauru, infelizmente, ainda não aprendeu a fazer.
Saí do Guilhermão com uma sensação totalmente diversa da que cheguei às 14 horas. Saí muito menos com o "gosto da vitória" do que com a certeza de que o interesse pelo movimento grevista cresce entre as três categorias. Por outro lado, comemorar em demasia pela votação, diante dos desafios que ainda nos assombram, não cabe neste momento. Comemorações diante de um cenário de incertezas pode ser sintoma de falta de bom senso. O maior feito que me faz, sinceramente, comemorar a tarde de ontem, foi encontrar 900 pessoas reunidas, ocupando os seus espaços, ouvindo algo além do noticiário global e exercendo o que se espera de uma comunidade acadêmica. Num anfiteatro sem as velhas bandeiras de partidos, ficou difícil não ouvir e enxergar as demandas mais necessárias para a Universidade Pública, tão maltratada pelos tucanos mais recentes.
Quando saí do local, algumas pessoas, das três faculdades, ainda debatiam, se informavam e dialogavam idéias, como deve ser. Ninguém ganhou ou perdeu hoje. E, se houve vitória, ela foi do ensino público, da democracia e da UNESP de Bauru. Como disse o Giovanni, "o canal com a reitoria está aberto, não vamos deixar isso nos escapar". Pois é, Gigio, o canal continuará aberto. Ainda bem.
Lembrete
Ontem, alguns alunos ocuparam a diretoria da UNESP de Ourinhos. Agora são 5 diretorias unespianas ocupadas no interior. Na USP de São Carlos também houve ocupação. Além disso, outras ocupações persistem em federais por todo o país e a PM invadiu a UNESP de Araraquara nesta madrugada. Lamentável.
Atitudes autoritárias, na esteira do autoritarismo dos decretos de José Serra, só devem desencadear o pior. Isso é fato. E ninguém deixou de avisar, pelo menos até agora.
--->>> mais informações em: GREVE NÃO É FÉRIAS.
2 comentários:
Eu sou pró greve tb, sempre! Abraços!
Brunão, eu sei que tá complicado (relatório final etc), mas lanço um desafio. Escreva sobre seus "articulistas-cronistas" prediletos na imprensa, hoje!!!
Ah, amanhã novas tensões no Guilhermão, hein??
Abraços fraternos
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