31 março 2007

Pequenas mentiras, grandes vantagens

Hoje precisei assistir à palestra de Gustavo Baraldi, do Instituto Ethos. O tema girava em torno da adoção por empresas brasileiras de políticas de Responsabilidade Sócio-Ambiental como estratégia produtiva.
Mas, não pude deixar de pensar que a nossa era do "politicamente correto" leva as grandes companhias a incorporarem medidas que não saem do papel. Embora sejam despejadas massivamente nas suas propagandas. O tal apelo publicitário fala alto, muito alto.
Às vezes, desconfiar dessas políticas inspira alguma tristeza , mas não dá pra esquecer os bons - na verdade, maus - exemplos. Muitos dos que hoje ouviram Gustavo participaram da Semana de Jornalismo do Estadão no ano passado. O tema do evento era a Sustentabilidade e o patrocinador, o Banco Real, aclamado pelo próprio Ethos nesta manhã como modelo da promoção da Responsabilidade Empresarial Sustentável. Mas a impressão viva na memória da Semana do Estadão é a de que o patrocinador estava muito mais interessado em propagandear as suas estratégias sociais e "limpinhas". Deu de tudo, desde palestra de representante do Banco, até a distribuição de bloquinhos feitos de papel reciclável. Será que algum dia o Estadão noticiaria algum crime sócio-ambiental cometido pelo Real?
A Vale do Rio Doce é um exemplo - dos piores - de como a propaganda corretinha pode fazer mal à saúde. A megacompanhia privatizada nos anos 90 não perde nenhuma oportunidade quando a questão é divulgar os seus projetos ambientais de reflorestamento. Mas, - que pena! - a mineradora é a campeã em ações sob júdice encaminhadas pelo IBAMA. Os delitos? Inúmeros e históricos crimes ambientais.
E aí, meus amigos? Vamos continuar repassando, meio no estilo "telefone sem fio", as histórias contadas, ou haverá espaço para a história que ultrapassa os boletins bonzinhos e muito interessados das empresas?
Sejam Meio-ambiente e Responsabilidade Social amigos ou não dos acionistas de peso, o grande negócio ainda é fazer dinheiro. Dinheiro para as contas de poucos, reciclável ou não.

2 comentários:

Rafael Del Monaco Drummond Ferreira disse...

Eu fiquei com uma vontade enorme de perguntar para esse palestrante qual era a responsabilidade social das empresas de comunicação que sugam até a alma de seus funcionários. Contudo, ele era apenas um relações públicas que veio propagandear a idéia do instituto (assim ele me parecia). No final das contas eu fiquei calado. Acho que ele não conseguiria responder algo interessante a não ser que não devemos ceder a pressão. Assim como em todos os outros projetos do instituto, e acompanhando a pergunta que a Verônica fez, as raízes dos problemas não são muito discutidos.

Aliás, eu respondi a sua reclamação. Acho que voltarei a escrever com mais freqüência... Você viu? Preciso mudar um pouco de estilo, ando me repetindo...

GABRIEL RUIZ disse...

Eis a questão mor!

Aliás, por falar nessas palestras, o seu comentário/questionamento no fim da palestra última de sábado foi do caralho (não encontrei outro adjetivo).
Fez-me refletir muito sobre "na minha geração.. etc".
Saí de lá com a cabeça entupida de tanta coisa, bem aquela frase do Raul, "é tanta coisa no menu que eu nem sei o que comer..."
é tanta coisa para lutar, brigar, correr atrás, fazer que não sabemos por onde começar...