Valores é plural da idéia solta e vaga que dizem rechear a moral, outra idéia flutuante e sem RG. De tanto lhe falarem e apontarem, feito a mais astuta carola com o dedo em riste e dirigido à dama do baixo meretrício, extraiu-se a única certeza de um suco abstrato: cada um tem os seus valores, mesmo que não saibamos dizer o que são, de onde vêm e para que servem. E, se fabulamos “cada um no seu cada um”, a coisa fica mais relativona, gotículas de ameba sobem e descem no ar, tudo legalize e naquele “vamo que vamo”, take it easy, entre outras amareladas.
Uma dúzia é a quantidade de vezes em que, embora com mala na mão e o tempo dando uma de inimigo, já fui obrigado a esperar um fluxo de 10, 15 pessoas entrarem no vagão do metrô para apenas depois poder sair dele. Faz sentido, não? Você não acha? Lógico que faz, eu sempre estive equivocado em pensar que deveria sair antes dos outros entrarem. Quanta ignorância, a minha! Nada como viver. Papai já me dizia que a vida é uma escola. Uma escola bem ao contrário, mas vai assim mesmo.
Ontem, eu e um amigo aguardávamos uma vaga no estacionamento, posicionados atrás, como deve ser, à espera da saída de outro veículo. Neste momento, um Astra preto, que já havia ultrapassado aquele trecho, dá ré e insiste para que também nos afastemos. Se dependesse do caranguejo preto, uma fila inteira estaria em marcha ré, porque aquela vaga lhe pertencia, da mesma forma que os campos franceses estavam justapostos ao espólio real e azul de Luis XIV. Mas, meu amigo não se mexeu. Comprou a rixa. Buzinadas, caras emburradas, o estacionamento lembrava uma creche depois das briguinhas pelo jogo que acabou sem final, com a apelação do dono da bola que, claro, a levou para o quinto dos infernos.
Último ato: a mulher que estava no passageiro do Astra desce, se posta na vaga, só falta deitar no perímetro cobiçado e sujar seu casaco Adidas. Estacionamos mesmo assim. E ela, se fazendo de indignada, veio aos nossos ouvidos: “Vocês são muito sem educação, viu?”.
Isso são valores. É igual a bumbum.
Ontem, eu e um amigo aguardávamos uma vaga no estacionamento, posicionados atrás, como deve ser, à espera da saída de outro veículo. Neste momento, um Astra preto, que já havia ultrapassado aquele trecho, dá ré e insiste para que também nos afastemos. Se dependesse do caranguejo preto, uma fila inteira estaria em marcha ré, porque aquela vaga lhe pertencia, da mesma forma que os campos franceses estavam justapostos ao espólio real e azul de Luis XIV. Mas, meu amigo não se mexeu. Comprou a rixa. Buzinadas, caras emburradas, o estacionamento lembrava uma creche depois das briguinhas pelo jogo que acabou sem final, com a apelação do dono da bola que, claro, a levou para o quinto dos infernos.
Último ato: a mulher que estava no passageiro do Astra desce, se posta na vaga, só falta deitar no perímetro cobiçado e sujar seu casaco Adidas. Estacionamos mesmo assim. E ela, se fazendo de indignada, veio aos nossos ouvidos: “Vocês são muito sem educação, viu?”.
Isso são valores. É igual a bumbum.
2 comentários:
Vivendo e aprendendo , claro que sempre da maneira mais dificil.
Abs
Uwe
Bruno!
O lay do blogue ficou ótimo. Limpo, leve. Talvez apenas as letras dos textos estejam pequenas. Mas peça outras opiniões. Eu consigo ler, mas estão pequenas.
V teve um trabalhão, essas paradas aí ao lado, as imagens pequenas, ficou fóda! Parabéns.
Pronto, agora vou dar umas lidas...
um beijo
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