Em visita à Assis, Goiaba e eu queimamos boas horas passando os olhos pelas edições das décadas de 1910 e 1920 de O Estado de S. Paulo. Impressionante a quantidade de artigos sobre saneamento básico que Monteiro Lobato, aquele do Jeca Tatu, escreveu. Também chamaram a atenção as propagandas de livros sobre boa etiqueta que "toda mulher casada deve conhecer". O Goiaba muito se empolgou com as séries de textos acerca da morte do papa em 1922, uma odisséia de uns vinte artigos criativos à beça, intitulados diariamente de "A morte do papa Benedito XV". Nos anos 10, Goiaba ainda encontrou raridades como um texto sobre "Reforma Universitária" ("a história se repete", já lembravava a sua professorinha de História, rapaz!) e outra pérola, assinanda por algum doutorzinho que dissertava acerca do "Álcool como combustível". Constatação: Lula, na história deste país já se falou disso antes de você nadar no saquinho do seu pai!
Quanto a mim, posso dizer que Rui Barbosa foi realmente um às do florear literário e que a cobertura da sua morte pelo jornal, nos anos vinte, foi muito maior que a de Ayrton Senna pela mídia eletrônica. Exagero meu, é óbvio. Mas, o que mais nos divertiu foram as impagáveis publicidades daquele tempo. Merecem destaque uma pasta gelatinosa que dava aos seios "formosura e formas arredondadas", o Sexuol, um medicamento com vivas à "cura da debilidade sexual dos homens" - praticamente o avô do Viagra - e um outro complexo vitamínico que era indicado para aqueles que "perderam a robustez" e garantia ser indicado, inclusive, pelo Vaticano. Uma pena que o próprio Benedito XV tenha esquecido de tomá-lo.