21 dezembro 2006

Pois é...

Relatório enviado ao Bulhões, minha pequena em Matão, eu sozinho aqui, mas de férias da FAPESP (espero), com vontade detomar suco de cupuaçu e acertar carambola na lua.
Viajo para Santos, nesta madrugada. Finalmente, porque eu também sou gente.
Viajarei lendo João Antonio, com ele, mesmo que alguma velha gorda reclame da luz ao meu lado.
Viajarei lendo simplesmente porque não durmo em ônibus e esse tempo de pesquisa só me deu raiva e vontade de ler aqueles que quero ler e não pude nos últimos tempos, graças ao academicismo e seus prazos.
Por isso, lotei de roupa e livros as duas malas. E Abraçado ao meu rancor será a leitura desta noite, à caminho de Santos.

15 dezembro 2006

HELP!

O semestre não acaba!
Isso não é choro de criança mimada, é um pedido de socorro.
As pessoas vão embora com suas malas, todas enchendo o ônibus que vai à rodoviária. Uns para as férias, outros para outra vida, além desses anos de universidade.
Bate uma dorzinha imaginar que ano que vem deixarei isso tudo no passado, simplesmente porque o tempo passa, não pára, o Cazuza bem disse.
Mas estou vivendo uns dias tragicômicos. Hoje parecia uma ilha em meio a livros e anotações, sozinho entre as prateleiras da biblioteca. Tudo por causa do relatório, o bendito relatório da FAPESP. Que preciso concluir.
Não ligo para Natal, mas, se me permitem, uma pergunta: terei natal?

Quero poder também subir no ônibus, chegar de manhã em Itanhaem, deitar numa rede, ouvir o mar e esquecer a vida e a obra de Floreal, pesquisa, Contexto, obrigações, roupas e contas que me esperam. Se der pra esquecer quem sou, tô dentro também.
O problema é que toda história precisa de um fim e o dessa não chega. Quando não chega você pode até gostar, se for fã de um Fellini. Mas, - ô alminha caridosa que me lê! -o protagonista desta saga sou eu e posso dizer em bom português: estou de saco cheio, já deu, foi, zé fini, the end, beijinho-beijinho tchau-tchau!
Arrgggghhhh!!!

Já já eu pifo!

15 novembro 2006

O Volver dele e delas







"Tengo miedo del encuentro con el pasado que vuelve a enfrentarse con mi vida...Tengo miedo de las noches que pobladas de recuerdos encadenan mi soñar..."

Quando a voz de Estrella Morente rasga no restaurante em que Raimunda (Penélope Cruz) reconstruiu, dublando a própria performance de Raimunda, toda saudosa da canção e da juventude, eu gelei na poltrona do cinema. Queria ter dado um abraço em Almodóvar naquele mesmo instante e ter dito: Se quiser terminar o filme aqui, logo assim, com a Carmen Maura chorando sofrido no banco do carro, pode acabar que já tá lindo". Mas o filme não acabou, e eu tive que me esguelar pra não chorar até o definitivo fechar da porta.

O filme é lindo. Sinceramente e humildemente lindo. Não sei, mas é difícil falar dele. Já me disseram que eu tenho uma alma de mulher e que, por isso, Pedro Almodóvar e eu nos entendíamos - duas almas femininas encarnadas em homens. É muita presunção. Não sei.

Sei apenas que Volver toca o coração - com as canções, as lágrimas, os segredos de três gerações de mulheres e com o olhar da Penélope, essa musa que aqui anda em chamas, conseguindo ser forte, mesmo frágil. Toca a memória também - com a lembança dos mortos que não morrem, com a deseperança esperançosa da vida, com o dia-a-dia tão monótono que nos desafia a enxergar uma beleza escondida nas amarguras, nos remorsos, no passado esquecido através da vida presente.

Alguns irão chorar com Volver, outros rirão. Haverá os indiferentes, é verdade.

Mas duvido, mesmo, que após cada tomada anti-horária de cena (que chega até a debochar do nosso olhar acostumado com uma massa de filmes com ações da esquerda para a direita), que depois das cores vibrantes de sempre, das mulheres, das canções e da Espanha tão recôndita de Almodóvar, não haverá um coro interno dentro de nós dizendo: "esse filme é mais que filme". Um dos poucos que nos atreveríamos a chamar de película, em pleno Brasil.

Foi isso que achei de Volver do Almodóvar. Uma sucessão de sentimentos que remontam os medos, la soledad, as ilusões perdidas, as saudades rememoráveis numa canção, as dores caladas, os encontros impossíveis, diante do tempo que corre nos trilhos da fugacidade da vida. Tudo num intenso vai-vem de lembranças que dóem, mesmo quando roubam os sorrisos das suas mulheres tão bravas.

E, é claro, na leitura do coração dessas mulheres, que habitam aquele miserável lugarejo hispânico, onde os choros e risos tanto machucam, a ponto de nos remeter aos nossos próprios retornos, nossas varias vueltas. O nosso cotidiano "volver".

14 novembro 2006

Um mês ou 14.400 miojos para as férias! (Será?)*

É, as férias se aproximam. A cada ida ao shopping ou olhada, de leve, a uma vitrine nas ruas, um tremor arrebenta o peito. Tudo lembra o natal. Isso me assusta. E já seria o bastante dizer que não gosto de natal, o que não é mentira.
Mas é que isso me recorda o 25 de dezembro (jura?) e, automaticamente, martela em minha cabeça dizendo: "Você precisa cumprir o prazo", "Você vai se fuder, meu filho!"
O prazo é dia 10 de janeiro, o desgraçado dia em que devo entregar o famigerado relatório parcial da minha pesquisa à FAPESP. Traduzindo meu drama: uns 20 livros para ler até a data do bom velhinho e muitas páginas em branco que esperam minhas palavras "acadêmicas". Porque eu ainda estou aqui, nesse blog, ao invés de arregaçar as mangas e cumprir os meus deveres? Nem eu sei.


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Resolvi mudar meu estilo nesta joça. Dá para perceber, imagino. Existiu um vácuo, sempre. Isso porque fico esperando a bendita inspiração, para escrever algo, digamos, sublime, honroso. Ela não vem. Consequência? As moscas reinam nessa página. Por isso, quero ser prático, falar de coisas práticas, e da minha vida cotidiana. Que não é tão prática assim. Fazer o quê!?


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Sábado teve churrasco da minha sala - 3º ano de Jornalismo da Unesp. Muito bom. Somos amigos unidos na bebedeira, ao menos. O que não merece troféu, é verdade, mas...
Troféu, por sinal, foi a ressaca. Que se foi perto da hora do Fantástico.
E na cabeça alguns flashes ficaram. Das risadas, das goladas, das baforadas, dos ziriguiduns que eu não sei sambar, do fiapo de carne no dente, dos bons momentos, dos amigos posando para as fotos, da malícia brasileira (eu tinha que usar isso um dia!), dos coquetéis tão coloridos (brilham mais que chiclete!) e do meu bom irmão, que veio e matou minha saudade ao me erguer ao alto numa singela demonstração de carinho fraternal.
A bebedeira foi realmente muito boa. Nada a acrescentar. A não ser uma leve impressão: no dia em que os cabelos brancos vencerem a guerra em minha cabeleira, esse "churras" ainda vai dar saudade.


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Minha garganta dói nesta segunda-feira. O fim-de-semana passou rápido, minha família veio e logo se foi. Mas o melhor do começo da semana foi saber, olhando a capa da Veja numa lojinha de posto (não ia pagar pela Veja, oras!), que a Starbucks (sim, aquela do café naquele copinho prático dos filmes de Hollywood!) virá ao Brasil.
Ou seja, mesmo que o café seja uma droga, penso em um dia, quando for a Sampa, ir lá garantir o meu Starbucks, é lógico. Vai ser igual à 1993 ou 94, não sei, quando eu pisei triunfante no McDonalds e apontei (feito turista que se vira no exterior usando as artimanhas da mímica apreendidas no bom e velho "Imagem & Ação") para o meu primeiro pedido ao Mr. Donald. Um McChicken!

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* Considerando que um Miojo (não vale Cup Noodles) requer 3 minutos de preparo.


15 setembro 2006

A minha não, Armando

O bom brasileiro pode se dar ao luxo de filosofar - até sobre a primeira vez - com o respaldo do conhecimento sem-fim que só o futebol propicia.

Na TV, dia desses, assisti ao maior cronista do futebol deste País, o lorde Armando Nogueira, responder mais uma vez à pergunta "Mas, qual é a melhor seleção brasileira campeã do mundo?".

Pergunta cenozóica. Armando já a respondia antes de eu nascer. Mas, elegante, o lorde novamente não perdeu a linha da lucidez:

– Meu jovem, a seleção de 70 era bela, imbatível. Só que a de 58 é como o primeiro beijo.

Todos entendemos. Quando ouvi o Armando, pensei: “Puxa vida, o primeiro beijo?”. E até lembrei do meu, na porta de saída da infância, no Pará. O beijo nervoso, escondido, ingênuo e primeiro. O beijo que ninguém esquece.

E peço perdão a Armando. É que preciso dizer: os seguintes foram melhores.

E tem outra. A seleção de 58 pode ser como o primeiro beijo para o bom Armando, o homem que se fez presente em quase todas as Copas.

Mestre Armando, sou mais um verde-amarelo que na Copa do Mundo viaja apenas do quarto para o sofá da sala!

Nosso lorde da crônica esportiva pode ficar com a seleção de 58 porque só me foi reservado um beijo eletrônico. Via satélite! Meu primeiro, como o de tantos, veio lá dos States - que, pelo menos no futiba, (ainda) é coadjuvante.

Para completar, beijamos na retranca e o beijo só veio porque o Baggio foi parlar com a Lua e acertou a torre de Pisa.

Dá até vontade de esquecer um primeiro beijo assim. Na memória restou ainda aquela voz rouca e enlouquecida do Galvão. “É tetraaa!”.

Nessas horas dá pena não ser o bom Armando Nogueira.

16 julho 2006

O Reinado de João

Amanda amava João, que amava Maria Pitá, que também amava João. Mas João demorou para saber. Já Amanda, que emudeceu depois do susto na festa da padroeira, nunca teve a chance de dizer seu amor.

A cidadezinha deles era feinha que doía. João, à sua imagem e semelhança, aprontou de nascer com a cara do pão que o demo pisou. No dia em que D. Sabiá lhe pariu, só abriu o berreiro depois que no espelho se olhou.

João se chamou João porque D. Sabiá jurava ter escutado da boca de Timbirá uma história linda, que dizia dum tal de João Gostoso, que se matou num açude de nome Não-sei-o-que-lá-onde de Freitas, lá no Rio de Janeiro.

Timbirá era o único professor da cidadezinha e gostava de João, que gostava de Timbirá. Ele que lia pro João histórias incríveis e João tudo só escutava porque nunca soube ler. Quando Timbirá abria a boca, João garantia ouvir até mesmo a chuva caindo. Até o dia em que Timbirá quis saber se sabia do cubismo e João, fulo, tascou-lhe uma dentada que foi um adeus para nunca mais.

Criança, João comeu pouco. Nos Natais então, nem tica de banana tinha. Pra completar era tão preguiçoso que não dava nem pra roubar goiaba. Só servia para remexer os dedos do pé até estalar, com o corpo de piaba todo espichado na rede. Mas nem sempre foi assim. No dia em que descobriu que Maria Pitá gargalhava em sua presença por nervosismo, e não por deboche como imaginara, jogou no lixo todas as Marias que desabrochara e caiu nos braços da única Maria que amou.

Como tudo se deu só o João mesmo para contar. Mas é certo que foi daí que tomou rumo e deu um jeito na cidadezinha. Foi trabalhar, virou prefeito e tirou o lugar da sua semelhança. Deixou-lhe até bonitinho. Chutou a preguiça lá pras bandas do oeste e mandou a sem-vergonhice pastar. Hoje, tanto tempo depois, toda a redondeza tomou tento da história de João e Pitá.

Até o jovem Manolo conhece o causo. Ele, que se diz filho de João e Maria Pitá, ganha a vida a contar aos visitantes a proeza do seu suposto pai. Vem gente de toda a parte, sempre disposta a escutar a mesma história. Mas nem Manolo, nem ninguém, consegue dizer que fim o velho casal foi dar. Sumiram.

E dia desses, um alemão e um americano deixaram umas moedas no chapéu, enquanto ouviam,feito pastor, o pequeno Manolo a pregar.
Só faltou o púlpito. Depois do aplauso, o americano até refletiu que “devem ter vivido felizes para sempre”. Já o alemão balbuciou que “se não morreram é porque estão vivos até hoje”. E o Manolo, que nem é bobo, logo catou as moedas e foi sambar na praça. Lá conheceu a Maria Fina e, como todo bom João, tratou de agradá-la.

12 janeiro 2006

Santos Espelhos

Santos Espelhos






Talvez seja esta uma das poucas vezes que escrevo na primeira pessoa aqui, já devo ter escrito antes, desculpe-me a má memória. Mas a questão é que se faz necessário registrar meu retorno e estada em minha terra natal, enquanto se aproxima outro retorno a minha estada no interior paulista, que prometia quatro anos ainda ontem e que me promete agora apenas dois, no sofrido aguardo do adeus aos amigos, aos colegas e aos conhecidos desconhecidos em Bauru.
Em Santos nesses dias faz calor. O calor de mormaço, tão presente em minha infância e tão estranho hoje. A praia continua lá, isenta de tsunamis nos trópicos, recheada do mesmo jardim, mais bem cuidado e ainda cartão-postal.
Os que passeiam, passeiam. Paulistanos ou não, o encontro com o mar dos não nativos continua o mesmo. A busca do bronzeado num céu de nuvens e numa areia cinza. O mar, pouco limpo, menos sujo. O horizonte próximo, navios a zarpar, cruzeiro para os afortunados.
Santos me lembra cheiro de protetor solar em ruas com cara de São Paulo, que tentam São Paulo, que falam carioquês.
Já a noite, iluminada na orla e escura nas entranhas da periferia, é um convite ao passeio. Um passeio de gentes, de mosaicos, cachorros e chuvas de idosos a implorar ou mesmo forçar a passagem pelos carros que se fincam nos semáforos.
A cidade não me é estranha, mas ao mesmo tempo é. Hoje, quando saio as suas ruas, admiro-me com as esculturas praianas que me pareciam tão grandes na infância. Concreto encolhe?
Nesse mar de porto, férias que exalam cheiros e guarda-sóis, restaurantes e bares de sempre e um falar alto habitual, só não me estranho quando longe da praia, o que não é raro. Justo a praia que me acolheu tanto em outras orlas lá mais ao norte.
Só não me estranho, talvez, na hora que me vejo no espelho. Não um espelho qualquer. É o meu, só meu, que apenas aqui encontro. No litoral paulista inteiro, meu espelho é a casa que retorno. É o acordar e cozinhar cuidadoso de minha vó, a atenção de minhas tias, o crescer de meu irmão e primos. A saudade de meu pai também.
Quando eu subir a serra e atravessar para o cerrado do centro-oeste do estado, a lembrança será a mesma de anos atrás. O mormaço exalando em ventos aquele velho cheiro de protetor solar.

01 janeiro 2006

Ninfomania de A a Y

Oito da noite de São João, chuvinha fina no asfalto da Avenida Brasil e Antônio quieto diante do copo que acabara de esvaziar.

- “Ô companheiro! Desce mais um desse!”

A vida passara rápido para nosso Antônio. Naquele anoitecer continuava a ser mais um num mar de antônios e se embriagava disfarçando nada querer comemorar. Não pretendia celebrar uma vida curta, enquanto não se dava conta de que passara longe de ter sido pequena. Nascido no São João de 45, chegava aos sessenta caído e penoso de si mesmo.

Mulherengo de carteirinha, Antônio se apaixonara inúmeras vezes. Sua parceira fiel, no entanto, havia sido sua agenda de bolso. Nela, os nomes de todas transeuntes pela sua juventude estavam rabiscados, de A a Z.

Quanto fez outra careta após outro gole de pinga, da boa, da branquinha, Antônio se amargurou mais em lembrar que todos os momentos foram cheios de gozo, todas as mulheres com o poder que só elas têm nesse mundão do Deus bom e todas com um “que” de defeito fatal.

Lembrou-se de Dora, a estudante de Direito que era uma mestiça danada. Rebolava mais que chocalho aceso. Uma ninfeta. Dedicou deliciosos momentos no passado ao nosso desolado amigo senil. Pena que daquele tempo Antônio só recordava de uma coisa de Dora: uma bêbada que botava tudo a perder. Sempre.

Também lembrou-se de Catarina. Mulata bem desenhada, seios fartos e empinados. Enchia Antônio de carinhos, mas tinha uma boca que fedia a cinzeiro de rodoviária. Num belo dia, em campanha antitabagista, ele esvaziou de vez este cinzeiro dos beijos seus. Para sempre.

Por fim, na cadeia de lembranças da fileira de mulheres do passado, recordou-se de Inês, outra mestiça. Exótica e desleixada Inês! Tão assim que de tanto comer chocolate criou mais tecidos adiposos em si do que gemidos de prazer em Antônio.

Com o bar a expulsa-lo, nosso aniversariante se retirou, receoso também de que sua nostalgia o matasse de saudades em pleno júbilo. Antes de finalizar os flashbacks, ainda na Brasil, lembrou-se de um fato. Todas elas, sem exceção, também não souberam conviver com uma obsessão sua: o sexo.

Isso era um dado novo, sem dúvida. Antônio, desgostoso eterno com os vícios e compulsões das mulheres, se dava conta de que não era imune a tal apetrecho da vida de qualquer ser. Tinha sua própria obsessão e ela atendia pelo nome de sexo.

Lastimando ser igual ao mundo, entrou em seu apartamento. Embora entendesse agora que não era vitima dos exageros delas, mas do seu também, tinha o que comemorar. Tinha seu vicio e, diferente de muitos infelizes que morrem sem desfrutar dos seus, havia penetrado em mais corpos que o Rei Salomão.

Pronto. Não havia do que resignar-se. Deitou as “putas tristes” de lado, apanhou a velha agenda e buscou um nome que nunca consultara.

Lá pela zona dos zês estava ela. Lá, figurava Zélia. Talvez a única não vitimada em sua existência pelo apetite sexual do nosso aniversariante.

Sorridente, Antônio sentiu-se como no São João de 68, quando na Brasil não chovia. Caçou o telefone e discou sem pensar o número de Zélia. Havia uma batalha a ser vencida. Um último gole para sua compulsão vertiginosa.

Aguardando ser atendido, com o telefone ainda em mãos, se viu diante do espelho. Foi nessa hora, entre os bastidores e a entrada no front que lhe aguardava, que babando no guincho aproveitou para dizer para si mesmo:

- “Feliz aniversário Antônio. Feliz.”