13 julho 2005

Meu reino por um reino maior que o meu

Muitas reclamações. Aquela velha máxima de que "cada um com os seus problemas" é real e evidenciada em toda esquina. E eu sei, sei bem disso. Mas cansa reclamar dos encontros, dos desencontros, das perdas e, é claro, dos ganhos. Sim, há os que reclamam até mesmo dos ganhos, fazer o que, não é mesmo? Eu sei é que me cansam outras coisas também. Fico perigosamente cansado de andar para não sei onde, de acender mais um cigarro e me perguntar: pra que mais um? Levantar a cabeça do travesseiro com sono dói menos do que deitar esta mesma cabeça a noite e estar certo de um dia inútil deixado para trás. Queria era estar certo de outras coisas. Ter certeza de que fiz um sorriso nascer onde nada nascia há tempos, de construir arranha-céus com a precisão de um Niemeyer da vida, de ligar o rádio e escutar as batidas de um jazz com merengue, de ter gritado na hora que o grito era necessário, de ter me calado na hora certa.
Só que não me conformo com isto apenas. E até sei bem que isso me satisfaria por momento, mas logo iria achar que poderia ter ido mais além. Mas além do que, meu Deus? Eu, este ser tão pequeno que se refere à Deus usando um pronome possessivo? Uma lástima isso. Descem desesperos e lágrimas só minhas no meu travesseiro, portanto. E logo o dia vem novamente. Vem mesmo?
Vem nada. Vêm minhas perguntas de sempre e a atuação prevista: ora estudante comprometido, ora familiar presente, e até amante que parece buscar a perfeição do mundo de Eros. Tudo atuação, culpa da vaidade deste mundo vão. Tudo é vaidade, não é? O mal do século é a solidão, não é? Caramba, até os clichês me servem de desculpa ou pretexto. Será que servem? Para que então?
Nada serve. Eu não sirvo. Os dias só têm minha barriguinha cada vez maior a empurrá-los. O que mais a oferecê-los? Continuo com perguntas sem respostas, com os problemas que são só meus. Só meus, entendeu? Fique com os seus, oras. Eu quero é deixar estar, uma rede de algodão doce, uma estrada mais longa e uma vontade de segui-la que hoje vem tão minúscula. A vontade vem bem menos do que antes. E olha que ela há tempos é tão pequenininha quanto minhas virtudes.
Estou cansado e penso que quero muito, demais. Querer não é pecado. Mas o que é pecado, meu filho? Hein? Diz aí pra mim que eu te compro um sorvete. Resolver os seus medos jamais. Já tenho os meus e eles dóem tanto que você nem imagina. Vamos sentar numa mesa juntos, conversar sobre outras e outros, sei lá. Mas sobre os problemas não. Hoje só quero deixar estar. Já lhe disse isso, não?
Olha eu querendo mais coisa. Que coisa, não? Culpa da globalização, culpa de uns "ismos" que colocaram na minha cabeça e no bolso de outros. Culpa, culpa e culpa. Mas a culpa maior é do Nietzsche que arruinou os conceitos intocáveis de sempre. E a culpa é também do desgraçado que achou que o Elvis morreu. Na tevê tem um monte de gente dizendo que ele está vivo! Mas quando mudo de canal o que me aparece é um hippie aposentado dizendo que o sonho acabou. Em quem acreditar? Hein?

4 comentários:

Xenya Bucchioni disse...

O que falar disso q acabei de ler...sabe qdo vc começa a ler e o olho fica cheio de lágrima..como se vc tivesse se identificado com aquilo que leu?! Pois é...To num momento tão seco, tão silencioso..acho q vc bem entende, não é?!
Sem palavras...
Bjo

Tatiana Aoki disse...

Po Bruno...a galera de bauru toda depre ao voltar pra casa....e eu ouvindo Led zeppelin no chuveiro e cantando bem alto o dia inteiro.
Não estou conseguindo consolar, porque estou muito, muito felizinha nesse começo de férias...

bjuss

Alan de Faria disse...

acreditar em quem? em nós mesmos, mesmo que em todo momento que cheguemos à conclusão de que estamos certo, a dúvida reaparece firme e forte....

e outra coisa: nunca teremos certeza do fato de ter feito alguém sorrir... (infelizmente). Por isso, prefiro acreditar, mesmo que contrariado que isso é possível...

até mais.
se cuida!

Anônimo disse...

Ifelizmente é assim que o mundo está... todos muitos apáticos, sem qualquer tipo de reação!

Legal ter tocado em tantos pontos polêmicos, pertinentes!

Abraço, meu grande amigo!