20 outubro 2008

A tabacaria do Sul

Santa Cruz do Sul é o epicentro do tabaco no sul do Brasil. Quem está perdido por alí, na cidade pacata de 115 mil habitantes, não deve acreditar que as folhas em linhas sem fim, nas lavouras ao redor do município, são de alface. São Virgínias e Burleys que fazem a alegria das processadoras de fumo (a maioria norte-americana) e das cigarreiras. É um complexo industrial fortíssimo.
Os homens que dirigem as empresas e as entidades do fumo nessa região são precavidos. Se em algum momento são orgulhosos do clima e terra tão propícios ao tabaco, em outros falam de prevenção do trabalho infantil, baixo uso de agrotóxicos, cultura do fumo herdada dos antigos colonos alemães, importância do Brasil no mercado mundial e por aí vai. Também falam sobre necessidade de diversificação de culturas, o que parece um paradoxo, afinal eles fazem muito, muito dinheiro com o tabaco. Mas eles garantem que não: a diversificação é importante e essa é a luta.
Só no ano passado, as 755 toneladas que o Brasil exportou para o mundo todo renderam US$ 2,2 bi. Só com tributos sobre o cigarro o Tesouro Nacional recolheu R$ 7 bi. Em Santa Cruz do Sul, nas sedes de cigarreiras e produtores, não vi um só fumante.

Articulado também é o sr. Milton Fuelber, de 47 anos. Ele foi apresentado pela Alliance One, beneficiadora de fumo, como produtor modelo do sistema integrado de produção que as empresas incorporaram ao lugar. Na última safra, Milton colheu mais de 12 toneladas de tabaco que secaram nas estufas de sua propiedade. Com fala eloqüente, ele nem parece preocupado em plantar mais milho do que fumo. O bolso agradece. O hectare do primeiro vale R$ 1,2 mil; o do segundo bate os R$ 15,1 mil.



Catedral de Santa Cruz do Sul

2 comentários:

Letícia disse...

Nenhum fumante?
Como vc se sentiu por lá? Rs
Beijos

Willians disse...

esses fdps poderiam injetar grana na ong aki da montanha. e me dar m estoque infinto de charuto!