São Paulo cansa fácil. Fui acostumado a visitar ruas, pontos e eventos magnetizadores de multidões vez ou outra, exatamente porque tudo era isso mesmo: uma visita. E sempre, como na vida e com as pessoas reais, a primeira impressão pode ser a que chamamos de "boa". A "terra das oportunidades", que um dia foi sem propósito chamada de "cidade que mais cresce no mundo", cansa, não descansa e nem dá descanso aos cansados. Desde janeiro gasto, literalmente, a sola do sapato "camelando" neste deserto. Sim, no meio de milhões, a terra da garoa sabe se tornar um eito sem fim e ser sentida como um Saara no coração. Atrás de trabalho vou, entendendo direitinho e todos os dias que tudo é vendável e que tudo se vende. A cidade ainda é bela aos meus olhos, afinal, são nos olhos e passos dos habitantes daqui que vejo as sutilezas, inclusive no corre-corre do fim do dia, em que homens e mulheres erguem guarda-chuvas e só querem chegar em casa, no bar, na igreja, no clube, na praça, no raio que o parta, mas chegar lá onde há alguém esperando que logo cheguem. No meio de desconhecidos, saímos todos em largada de maratona quando os semáforos se abrem, num compasso doido só para estacionar tempo depois, encostados e perto de conhecidos. É tudo corrido porque é para deixar o Saara sair do peito.
Um sábio amigo e mestre já me perguntou se realmente gostamos dessa cidade. "Na verdade, não odiamos isso tudo?". O mesmo me disse para ter cuidado, porque São Paulo pode nos engolir facilmente. Ela me engole com feijoada às quartas e sábados, para o bem e para o mal. E eu nem posso imaginar como existiu um Meninão do Caixote por estas bandas um dia, ou como agiria se euzinho fosse engolido nos tempos em que o suicidouro do Viaduto do Chá dava uma verdadeira colher de chá para os perdidos e cheios de Saara no peito.
Um sábio amigo e mestre já me perguntou se realmente gostamos dessa cidade. "Na verdade, não odiamos isso tudo?". O mesmo me disse para ter cuidado, porque São Paulo pode nos engolir facilmente. Ela me engole com feijoada às quartas e sábados, para o bem e para o mal. E eu nem posso imaginar como existiu um Meninão do Caixote por estas bandas um dia, ou como agiria se euzinho fosse engolido nos tempos em que o suicidouro do Viaduto do Chá dava uma verdadeira colher de chá para os perdidos e cheios de Saara no peito.